SÃO PAULO Os
televisores inteligentes, conhecidos pelo termo inglês Smart TV, estão
ganhando espaço nos lares dos consumidores brasileiros. A consultoria
GSK apontou que de janeiro a outubro de 2012 estes aparelhos
representaram 30% do total comercializados no País. Os dados também
mostram que dos aparelhos smart vendidos,
21% já estão conectados à Internet. Para aproveitar a nova onda do
mercado de tecnologia, desenvolvedores e empresas que trabalham com
aplicativos já se movimentam e buscam oportunidades junto aos
fabricantes.
As empresas também se
apressam a firmar parcerias com clientes de nichos que devem
potencializar esse negócio - como emissoras de televisão, agências de
publicidade e marcas que querem investir
em propaganda e conteúdo interativo -, querendo aproveitar o estágio
incipiente do negócio para sair na frente dos concorrentes. Os
desenvolvedores também querem criar formas inovadoras de conteúdo e
aumentar a interatividade da TV junto aos usuários, e possibilitar a
integração desse aparelho com outros dispositivos.
Uma das pioneiras no mercado brasileiro é a HXD, que desde 2007 estuda o segmento. Salustiano Fagundes, presidente
da HXD, contou que sua companhia foi criada especialmente para criar
aplicações para televisores. "Em um primeiro momento pensamos na
televisão digital. Depois percebemos que ela teria uma evolução natural,
que culminou nas televisões inteligentes. Nosso foco sempre foi esse
mercado porque sabemos que a televisão já ocupa um papel importante na
vida dos brasileiros. Com a entrada da Internet e dos aplicativos nos
aparelhos, esse mercado tende a crescer muito", disse ele.
O
executivo falou sobre o potencial desse mercado com entusiasmo: "Acho
que a 'era de ouro' da televisão começa agora. Imagine a infinidade
aplicações que poderemos fazer, tanto de entretenimento como de
informação ou publicidade".
O diretor de Inovação
da ITBN, Ricardo Godoy, falou sobre o potencial dos televisores smart
no segmento da propaganda: "Imagine uma marca de carro que desenvolve
um aplicativo para TV que funciona como um jogo no qual o cliente pode
dirigir o veículo. Depois ele pode usar o controle remoto, por exemplo, e
agendar um test-drive".
Entraves
Apesar
das expectativas positivas dos desenvolvedores e dos fabricantes, a
falta de uma unidade de plataforma e o desconhecimento dos usuários são
problemas para a expansão do mercado.
"O fato dos
fabricantes terem plataformas diferentes pode ser um entrave. Essas
empresas terão que fazer um esforço maior para atrair e convencer os
desenvolvedores e programadores de conteúdo. A mesma coisa aconteceu com
os telefones cinco anos atrás, quando cada fabricante tinha uma
plataforma própria. Depois que duas plataformas ficaram fortes, o
Android [do Google] e o iOS [da Apple], os aplicativos se
multiplicaram", comentou Fernando Chamis, sócio da empresa Webcore, que
é especializada em games, mas também cria aplicativos para televisores.
"É um mercado novo, mas temos que aguardar para realmente medir o potencial de receita", ponderou Chamis.
Godoy
e Fagundes concordam que no caso das TVs devem se formar três
plataformas; portanto, alguns fabricantes terão que se adaptar ao
mercado. "No final, tudo vai depender dos usuários", frisou Godoy.
Mercado
Pesquisa
da consultoria Gartner aponta que 85% de todos os televisores de tela
plana estarão conectados à Internet até 2016. A análise concluiu que em
um mercado altamente competitivo, os fabricantes se diferenciam ao
conectar TVs em múltiplas plataformas. Assim, a produção mundial de
televisores de tela plana inteligentes vai crescer de 69 milhões em 2012
para 198 milhões em 2016. A produção mundial de televisores
inteligentes em 2013 deve chegar a 108 milhões. Mas vender TV
inteligente não será suficiente: "No final, a escolha pode ser tudo
sobre o conteúdo extra que uma marca de TV oferece. Consumidores estarão
fazendo perguntas como: Os serviços de TV na Internet vão melhorar a
TV? São esses sites que eu acho que são valiosos? Posso usar meu
smartphone ou tablet com esta TV?" , explicou Paul Donovan, analista de
pesquisas do Gartner.
Esse mercado também pode ajudar a
indústria de televisores durante a crise econômica global.
"Especialmente em mercados emergentes é difícil quando a demanda
diminui, de modo que a funcionalidade 'extra' oferecida pelos
televisores inteligentes torna os produtos diferenciados - se os preços
já são competitivos e todas as outras variáveis são iguais entre as
marcas", concluiu o analista.
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